Dançando Conforme A Música Que Eu Quiser

“Hoje os dois mascarados / procuram os seus namorados / perguntando assim / Quem é você? diga logo,/ que eu quero saber seu jogo / que eu quero morrer no seu bloco / que eu quero me arder no seu fogo…”

Era sexta-feira de Carnaval no final dos anos 70, em uma praia movimentada do Atlântico Sul.

Um piá de uns catorze anos caminha pelas calçadas repletas de pessoas em trajes sumários, gente fantasiada, gente suja de areia, bêbados ao lado de pirâmides de latinhas de cerveja vazias, com a porta do carro aberta e o som no talo.

Ele então vira uma esquina no sentido oposto à praia, avança duas quadras e entra em uma banca de revistas.

Dali o vemos sair pouco depois carregando debaixo do braço um quadrado de papelão pintado.

Ele percorre todo aquele corredor polonês de foliões, sobe pro apartamento, fecha todas as janelas. Aquele quadrado de papelão é a capa do fascículo Mozart, da coleção Mestres da Música, da Editora Abril, de onde sai um disco preto que gira no prato do toca-discos, tocando bem alto, pra encobrir a batucada.

Tenho emoções misturadas sobre Carnaval, a ponto de estar até animado esta vez com a perspectiva de usar máscara e sair pra trabalhar durante esse período.

Outra máscara, claro.

Mas tudo é caminho, deixa o bicho, tudo é vontade de acertar.

Ano passado eu fui assistir ao Carnaval, ano retrasado eu desfilei tocando agogô, o morro foi feito de samba, mas esse ano eu não morro.

3 comentários em “Dançando Conforme A Música Que Eu Quiser

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