Lembro que o sofá da casa onde eu morava, nos anos 70, tinha duas almofadas cilíndricas, uma em cada lado, pra descansar o braço.
Lembro de segurar aquela almofada embaixo do braço direito, como uma lança medieval. Enfiava o esquerdo na fronha de um travesseiro e era meu escudo de cavaleiro.
A gente brincava de Ivanhoé.
Eu saía correndo de um lado, meu irmão menor vinha do outro extremo, armado da mesma forma, e a gente colidia no meio do corredor, rindo muito, caindo, se levantando, fazendo de novo até alguém bater em algum lugar e se machucar.
Hoje vi umas crianças muito felizes correndo dentro de um apartamento, indo e vindo por um corredor, empurrando um carrinho de compras de brinquedo.
Cavaleiro, consumidor, na verdade provavelmente pouco importa a fantasia específica.
O que vale mesmo é a brincadeira, a casa, a proteção, o aconchego feliz na infância.
Espero que você também tenha tido.
Mais importante: espero que você possa um dia, se quiser, proporcionar a alguém uma lembrança assim, como essas.
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